Promoção da saúde e autarquias: os equívocos (II)
Opinião » 2010-03-31 » Acácio Gouveia
O que podem então fazer as autarquias para promover a saúde dos munícipes? Em primeiro lugar, muitas das incumbências habituais dos municípios tem um impacto importantíssimo na saúde. Esquecemos facilmente que o abastecimento de água potável, o saneamento, a correcta urbanização, a circulação automóvel segura, etc. , são fundamentais para garantir um meio ambiente propício à saúde. Neste particular será consensual reconhecer que a missão tem sido cumprida.
Mas como certamente se lembrarão, a saúde depende sobretudo do estilo de vida. Sendo o alcoolismo o principal problema de saúde pública em Portugal, será incompreensível que as autarquias se continuem a manter alheadas desta verdadeira catástrofe. É inadmissível que se promova impunemente o alcoolismo, anunciando bebidas grátis para jovens em estabelecimentos de diversão. Embora a legislação anti-tabágica seja frouxa no nosso país é importante que o poder local se empenhe na sua aplicação. Sendo o cancro uma patologia particularmente temida, não faz sentido ser-se complacente com o tabaco, que é responsável por 30% das mortes por este tipo de doenças. A alimentação dos povos ocidentais passou de dum estado de carência para superabundância. Os erros alimentares com excessos de açucarados, sal e de gorduras insalubres tornaram-se uma séria ameaça à saúde. Como se não bastasse, institui-se uma cruzada anti-sono, também junto dos mais novos, ocupando toda a noite com diversão e eclipsando o tempo para repousar. O sedentarismo, que tem tantos adeptos em Portugal, é um inimigo conhecido da saúde. Embora seja justo reconhecer que neste particular muito se têm empenhado as Câmaras Municipais, nomeadamente a nossa, ouso um par de sugestões que ficam à consideração dos nossos edis: porque não um skate parque em Torres Novas? E que tal pensar-se numa rede de vias para ciclistas?
Infelizmente o combate a estas ameaças conflitua com interesses económicos poderosos. Sendo vital a prosperidade económica, não menos importante é reconhecer que esta não se pode construir a qualquer custo. Estarão as autarquias em posição de compreender que, por exemplo, promover a saúde obriga a uma diminuição drástica do consumo de álcool? Alguém terá a ilusão que a saúde pode rimar com algumas das nossas tradições culinárias mais arrevesadas?
A promoção da saúde não é uma tarefa fácil. Acreditar que pode ser feita sem ferir interesses é seguramente um enorme equívoco.
No próximo número abordaremos mais equívocos, inclusive um equivoco gerado pelo próprio autor.
aamgouveia@clix.pt
Promoção da saúde e autarquias: os equívocos (II)
Opinião » 2010-03-31 » Acácio GouveiaO que podem então fazer as autarquias para promover a saúde dos munícipes? Em primeiro lugar, muitas das incumbências habituais dos municípios tem um impacto importantíssimo na saúde. Esquecemos facilmente que o abastecimento de água potável, o saneamento, a correcta urbanização, a circulação automóvel segura, etc. , são fundamentais para garantir um meio ambiente propício à saúde. Neste particular será consensual reconhecer que a missão tem sido cumprida.
Mas como certamente se lembrarão, a saúde depende sobretudo do estilo de vida. Sendo o alcoolismo o principal problema de saúde pública em Portugal, será incompreensível que as autarquias se continuem a manter alheadas desta verdadeira catástrofe. É inadmissível que se promova impunemente o alcoolismo, anunciando bebidas grátis para jovens em estabelecimentos de diversão. Embora a legislação anti-tabágica seja frouxa no nosso país é importante que o poder local se empenhe na sua aplicação. Sendo o cancro uma patologia particularmente temida, não faz sentido ser-se complacente com o tabaco, que é responsável por 30% das mortes por este tipo de doenças. A alimentação dos povos ocidentais passou de dum estado de carência para superabundância. Os erros alimentares com excessos de açucarados, sal e de gorduras insalubres tornaram-se uma séria ameaça à saúde. Como se não bastasse, institui-se uma cruzada anti-sono, também junto dos mais novos, ocupando toda a noite com diversão e eclipsando o tempo para repousar. O sedentarismo, que tem tantos adeptos em Portugal, é um inimigo conhecido da saúde. Embora seja justo reconhecer que neste particular muito se têm empenhado as Câmaras Municipais, nomeadamente a nossa, ouso um par de sugestões que ficam à consideração dos nossos edis: porque não um skate parque em Torres Novas? E que tal pensar-se numa rede de vias para ciclistas?
Infelizmente o combate a estas ameaças conflitua com interesses económicos poderosos. Sendo vital a prosperidade económica, não menos importante é reconhecer que esta não se pode construir a qualquer custo. Estarão as autarquias em posição de compreender que, por exemplo, promover a saúde obriga a uma diminuição drástica do consumo de álcool? Alguém terá a ilusão que a saúde pode rimar com algumas das nossas tradições culinárias mais arrevesadas?
A promoção da saúde não é uma tarefa fácil. Acreditar que pode ser feita sem ferir interesses é seguramente um enorme equívoco.
No próximo número abordaremos mais equívocos, inclusive um equivoco gerado pelo próprio autor.
aamgouveia@clix.pt
As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia » 2024-04-10 » Jorge Carreira Maia Existe, em Portugal, uma franja pequena do eleitorado que quer, deliberadamente, destruir a democracia, não suporta os regimes liberais, sonha com o retorno ao autoritarismo. Ao votar Chega, fá-lo racionalmente. Contudo, a explosão do eleitorado do partido de André Ventura não se explica por esse tipo de eleitores. |
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
» 2024-04-10
» Jorge Carreira Maia
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