• SOCIEDADE-  • CULTURA  • DESPORTO  • OPINIÃO
  Sexta, 19 Abril 2024    •      Directora: Inês Vidal; Director-adjunto: João Carlos Lopes    •      Estatuto Editorial    •      História do JT
   Pesquisar...
Seg.
 26° / 11°
Céu limpo
Dom.
 26° / 12°
Períodos nublados com chuva fraca
Sáb.
 24° / 13°
Céu nublado com aguaceiros e trovoadas
Torres Novas
Hoje  26° / 13°
Períodos nublados com chuva fraca
       #Alcanena    #Entroncamento    #Golega    #Barquinha    #Constancia 

O principal conflito político - jorge carreira maia

Opinião  »  2022-11-05  »  Jorge Carreira Maia

Durante muito tempo, a clivagem direita – esquerda estruturou a vida política. Orientava as opções do Estado e os votos dos eleitores. Essa clivagem que começou, em França, como uma querela entre os defensores do Absolutismo e os dos interesses de uma burguesia ascendente desejosa de fazer valer politicamente os seus interesses, foi tomando novos sentidos. O mais significativo era o que opunha as classes triunfantes com o liberalismo e as classes trabalhadoras. Jogava-se fundamentalmente no terreno da justiça distributiva, sobre aquilo que nos rendimentos deveria caber ao capital e ao trabalho, havendo todo um espectro de distribuições, que iam de uma quase escravatura até à abolição da propriedade privada dos meios de produção. No meio destes dois marcos havia, e há, gradações distributivas muito diversas.

Hoje em dia, a clivagem direita – esquerda deixou de ser estruturante da vida política. Não é que tenha acabado. Ela persiste. Contudo, uma outra clivagem sobrepôs-se à que era dominante. Está ligada à tensão entre regimes democráticos e regimes autoritários. Não é que esse conflito não existisse há muito. Existia, mas não apresentava os aspectos dramáticos que ostenta nos tempos que correm. A avaliação das situações depende das expectativas. Ora, nas democracias surgiu, a partir da Queda do Muro de Berlim, uma crença de que o mundo caminharia, mais depressa ou mais devagar, para regimes democráticos, tal como são concebidos no Ocidente. A terceira vaga de democratizações, iniciada em Portugal, com o 25 de Abril, iria alastrar-se a todo o planeta, numa espécie de globalização da democracia.

Um conjunto de acontecimentos traumáticos vieram abalar essa confiança num devir democrático do mundo. A evolução política da Rússia, o falhanço democrático das Primaveras Árabes, a rigidez autoritária da China que, em momento algum, deu sinais de se aproximar de uma democracia, a evolução do nacionalismo indiano, tudo isto é uma má notícia. Assim como são más notícias a força do bolsonarismo no Brasil, do trumpismo nos EUA e, também, a evolução da Turquia e de alguns regimes da União Europeia, como o húngaro ou o polaco, ou o peso da extrema-direita em muitos países europeus. Isto para não falar do Irão, Venezuela, Coreia do Norte, Cuba, Afeganistão, a generalidade do mundo árabe. A vaga de democratizações nascida em 1974 encontra-se em refluxo. A intensa luta entre democracias e regimes autoritários tornou-se o principal foco de conflito que atravessa o mundo e que organiza todos os outros, mesmo os referentes à justiça distributiva.

 

 

 Outras notícias - Opinião


As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia »  2024-04-10  »  Jorge Carreira Maia

Existe, em Portugal, uma franja pequena do eleitorado que quer, deliberadamente, destruir a democracia, não suporta os regimes liberais, sonha com o retorno ao autoritarismo. Ao votar Chega, fá-lo racionalmente. Contudo, a explosão do eleitorado do partido de André Ventura não se explica por esse tipo de eleitores.
(ler mais...)


Eleições "livres"... »  2024-03-18  »  Hélder Dias

Este é o meu único mundo! - antónio mário santos »  2024-03-08  »  António Mário Santos

Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza.
(ler mais...)


Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato »  2024-03-08  »  Maria Augusta Torcato

Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente.
(ler mais...)


A crise das democracias liberais - jorge carreira maia »  2024-03-08  »  Jorge Carreira Maia

A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David.
(ler mais...)


A carne e os ossos - pedro borges ferreira »  2024-03-08  »  Pedro Ferreira

Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA.
(ler mais...)


O Flautista de Hamelin... »  2024-02-28  »  Hélder Dias

Este mundo e o outro - joão carlos lopes »  2024-02-22 

Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”.
(ler mais...)


2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões »  2024-02-22  »  Jorge Cordeiro Simões

 

 


O dia 5 de Fevereiro de 2032, em que o Francisco Falcão fez 82 anos - aos quais nunca julgara ir chegar -, nasceu ainda mais frio do que os anteriores e este Inverno parecia ser nisso ainda pior que os que o antecederam, o que contribuiu para que cada vez com mais frequência ele se fosse deixando ficar na cama até mais tarde e neste dia festivo só de lá iria sair depois do meio-dia.
(ler mais...)


Avivar a memória - antónio gomes »  2024-02-22  »  António Gomes

Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento.

Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa.
(ler mais...)

 Mais lidas - Opinião (últimos 30 dias)
»  2024-04-10  »  Jorge Carreira Maia As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia