Há um elefante na sala: o ensino superior da região!
Opinião » 2019-12-05 » Jorge Salgado Simões"É disso que precisamos: uma instituição que possa representar uma marca de iniciativa, inovação e investigação"
Podemos não falar do assunto. Podemos todos ir pensando nisto sem dizer o que quer que seja, ou fazer do tema não mais do que uma conversa de café, para não melindrar ninguém.
Temos um problema na região com o ensino superior público: dois Institutos Politécnicos, Tomar e Santarém (IPT e IPS), demasiado pequenos e demasiado sozinhos, desligados entre si, pouco atrativos, pouco diferenciadores e com uma sustentabilidade mais do que duvidosa. Continuar a ignorar isto é uma solução, mas para além de não nos ajudar em nada só fará com que, um dia, qualquer resolução a tomar seja sempre mais difícil.
As notícias da semana passada sobre falta de dinheiro nos dois politécnicos para pagar ordenados e subsídios de Natal, são afinal um modus operandi do Ministério da Ciência, já usado noutras situações e um pouco por todo o país.
Uma comissão dedicada às contas das instituições de ensino superior lança a bomba, a tutela avança com o dinheiro em falta e faz-se mais uma notícia a dizer que está tudo resolvido, passando-se ao mesmo tempo as mensagens e avisos sobre a situação. Mas isto interessa porque é ali referido que, no caso, as instituições estão em situação de “crise institucional grave”, e requerem “uma ação específica” e a “adopção de medidas urgentes”.
Os dados são claros. Os dois politécnicos são a opção para cerca de 18% de todos os alunos no ensino superior residentes no distrito. De toda a sua população escolar, 5.482 alunos em todas as modalidades de cursos, são 2.123 os alunos do distrito a frequentar as diferentes escolas existentes, com duas situações bem díspares: o IPT com 60% do total de alunos da região e o IPS com menos de 30% para o mesmo indicador, diferença explicada em grande parte pela oferta formativa (dados DGEEC, 2018/2019).
Uma outra realidade que interessa analisar prende-se com as entradas já este ano. Para o conjunto das 35 licenciaturas, foram abertas 1.375 vagas e no final das diferentes fases de colocação ficaram preenchidas apenas 886 lugares, menos de 65%, no conjunto dos dois politécnicos!
Se estes dados, associados ao decréscimo do número de crianças e jovens que se prevê acentuar-se na região nas próximas décadas, não faz soar ainda quaisquer campainhas, atente-se ao restante diagnóstico da comissão já referida, para as duas instituições: maior dependência do financiamento geral do Estado, fraca capacidade de captação de receitas próprias, e um peso de 85% de despesas com pessoal no quadro geral de despesas, dos maiores entre todas as instituições de ensino superior portuguesas (relatório de 2017).
Nada disto coloca em causa tudo o que de bom é feito no IPT e no IPS e que acrescenta valor à região, ou todos os esforços diários dos seus dirigentes, docentes e restantes funcionários em prol do ensino, da investigação e dos projetos em que estão envolvidos. O problema é que a manter-se este contexto, nunca serão suficientes para inverter a tendência de definhamento e perda de relevância que se regista.
Não será esta a altura certa para que qualquer reestruturação a adotar passe pela associação, colaboração, consórcio, fusão (ou o que lhe quiserem chamar) entre os dois politécnicos, de forma a podermos ter, na região, uma instituição de ensino superior público mais forte?
É que é disso que precisamos: uma instituição que possa representar uma marca de iniciativa, inovação e investigação; que seja uma referência para alunos, entidades e empresas, daqui mas também do resto do país e com projetos e parcerias noutras escalas; e que consiga especializar-se, tornar-se atrativa, fator de qualificação, competitividade, e até de identidade deste nosso território!
Há um elefante na sala: o ensino superior da região!
Opinião » 2019-12-05 » Jorge Salgado SimõesÉ disso que precisamos: uma instituição que possa representar uma marca de iniciativa, inovação e investigação
Podemos não falar do assunto. Podemos todos ir pensando nisto sem dizer o que quer que seja, ou fazer do tema não mais do que uma conversa de café, para não melindrar ninguém.
Temos um problema na região com o ensino superior público: dois Institutos Politécnicos, Tomar e Santarém (IPT e IPS), demasiado pequenos e demasiado sozinhos, desligados entre si, pouco atrativos, pouco diferenciadores e com uma sustentabilidade mais do que duvidosa. Continuar a ignorar isto é uma solução, mas para além de não nos ajudar em nada só fará com que, um dia, qualquer resolução a tomar seja sempre mais difícil.
As notícias da semana passada sobre falta de dinheiro nos dois politécnicos para pagar ordenados e subsídios de Natal, são afinal um modus operandi do Ministério da Ciência, já usado noutras situações e um pouco por todo o país.
Uma comissão dedicada às contas das instituições de ensino superior lança a bomba, a tutela avança com o dinheiro em falta e faz-se mais uma notícia a dizer que está tudo resolvido, passando-se ao mesmo tempo as mensagens e avisos sobre a situação. Mas isto interessa porque é ali referido que, no caso, as instituições estão em situação de “crise institucional grave”, e requerem “uma ação específica” e a “adopção de medidas urgentes”.
Os dados são claros. Os dois politécnicos são a opção para cerca de 18% de todos os alunos no ensino superior residentes no distrito. De toda a sua população escolar, 5.482 alunos em todas as modalidades de cursos, são 2.123 os alunos do distrito a frequentar as diferentes escolas existentes, com duas situações bem díspares: o IPT com 60% do total de alunos da região e o IPS com menos de 30% para o mesmo indicador, diferença explicada em grande parte pela oferta formativa (dados DGEEC, 2018/2019).
Uma outra realidade que interessa analisar prende-se com as entradas já este ano. Para o conjunto das 35 licenciaturas, foram abertas 1.375 vagas e no final das diferentes fases de colocação ficaram preenchidas apenas 886 lugares, menos de 65%, no conjunto dos dois politécnicos!
Se estes dados, associados ao decréscimo do número de crianças e jovens que se prevê acentuar-se na região nas próximas décadas, não faz soar ainda quaisquer campainhas, atente-se ao restante diagnóstico da comissão já referida, para as duas instituições: maior dependência do financiamento geral do Estado, fraca capacidade de captação de receitas próprias, e um peso de 85% de despesas com pessoal no quadro geral de despesas, dos maiores entre todas as instituições de ensino superior portuguesas (relatório de 2017).
Nada disto coloca em causa tudo o que de bom é feito no IPT e no IPS e que acrescenta valor à região, ou todos os esforços diários dos seus dirigentes, docentes e restantes funcionários em prol do ensino, da investigação e dos projetos em que estão envolvidos. O problema é que a manter-se este contexto, nunca serão suficientes para inverter a tendência de definhamento e perda de relevância que se regista.
Não será esta a altura certa para que qualquer reestruturação a adotar passe pela associação, colaboração, consórcio, fusão (ou o que lhe quiserem chamar) entre os dois politécnicos, de forma a podermos ter, na região, uma instituição de ensino superior público mais forte?
É que é disso que precisamos: uma instituição que possa representar uma marca de iniciativa, inovação e investigação; que seja uma referência para alunos, entidades e empresas, daqui mas também do resto do país e com projetos e parcerias noutras escalas; e que consiga especializar-se, tornar-se atrativa, fator de qualificação, competitividade, e até de identidade deste nosso território!
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
Eleições, para que vos quero! - antónio mário santos » 2024-02-22 Quando me aborreço, mudo de canal. Vou seguindo os debates eleitorais televisivos, mas, saturado, opto por um filme no SYFY, onde a Humanidade tenta salvar com seus heróis americanizados da Marvel o planeta Terra, em vez de gramar as notas e as opiniões dos comentadores profissionais e partidocratas que se esfalfam na crítica ou no elogio do seu candidato de estimação. |
» 2024-02-28
» Hélder Dias
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» 2024-03-08
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