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 Últimos artigos por...

Né Ladeiras

 

Ícaro »  2010-11-18 

O sol dos Sonhos derreteu-lhe as asas.
E caiu lá do céu onde voava
Ao rés-do-chão da vida.
A um mar sem ondas onde navegava
A paz rasteira nunca desmentida...
Mas ainda dorida
No seio sedativo da planura,
A alma já lhe pede impenitente,
A graça urgente
De uma nova aventura

in Miguel Torga, Diário, XII
 

O labirinto tomou forma permanente, riscando os herói... (ler mais...)


A estória da laranja »  2010-11-11 
Nada que possa ser dito de novo.

Tu sabes quando não há vontade nem espaço para o excesso do pouco que nos tomou. Perder, quando nem se chegou a ter, é absurdo. Eis o que não há, as coisas ridículas que os encontros sugerem, o coup de foudre cinematográfico, a deixa memorável, o gesto que diz tudo, a timidez inicial, o à vontade que se vai ganhando, os anos a passar, a vida a fazer slaloms à direita e à esquerda, até à constata... (ler mais...)


Mulheres no canto de Avita »  2010-11-04 

Cai chuva sobre a rua, os passos firmes que já foram, a folha do livro solta, o telhado da tua casa, as esplanadas vazias, o barco deixado na margem, o meu vestido desbotado, esta tristeza infinita que se entranha nas pedras, o medo de não encontrar outro rosto tão puro, a coragem para espalhar flores na dor funda, a diáspora numa jangada de papel, a fala aturdida e incoerente de quem ama, a luz feliz na tela do pintor, o canto de... (ler mais...)


Noite »  2010-10-08 
Hoje não acendo a luz das árvores. Andei pelo dia como estou agora nesta noite escura profunda. Estabeleço uma ordem, um ponto, algo que me diga por onde seguir. Os meus dedos nas teclas obedecem sem dar tempo ao tempo, dos abraços e das esperas, de outras coisas também, mas que faço por esquecer. Pergunto se quem escreve para contar uma estória fica assim, como a noite escura e funda de hoje. De hoje, porque amanhã não sei se vai ser a ... (ler mais...)

Monólogo »  2010-10-01 
Ela disse: Repara na transparência do rio. Podes ver o que nele vive, o que somos dentro dele, como chegar ao seu fundo. Sim, tem um fundo que é um céu. Noutro rio outras pessoas como eu e tu estão a dizer o mesmo, a olhar através da mesma claridade. Agora e aqui somos só nós, mas na verdade é o fundo deste rio cristalino que faz de céu em outras estórias e de fundo em outros começos.

Podes ser ilusão quase a tanger a verdade. Qu... (ler mais...)


Oração »  2010-09-24 
Amo os teus olhos porque reflectem o que nunca vi

Amo a tua alma porque é matriz do livro sagrado

Amo a tua força porque traz o fundo ao cume

Amo as tuas mãos porque constroem elementos precisos

Amo o teu suor porque é chuva do teu esforço

Amo o teu canto porque ecoa no pouco que sou

Amo a tua boca porque está na origem do céu

Amo o teu silêncio porque aguarda pelo momento certo

Amo a tua nudez porq... (ler mais...)


Templo »  2010-09-17 
À noite, quando me julgo no limiar da sonolência e caminho para a rede sertaneja, sou despertada por um rumor de asas que quase é voz e sopra no meu ouvido. Esqueço-me do nada que fui minutos antes e entrego-me à interpretação daquela presença. Desdobro-me sozinha em conjecturas, negoceio os medos e as dúvidas, reflicto ponderadamente a parte incomensurável que devo ser algures e aguardo-me. A presença de asas devolve-me pensamentos qu... (ler mais...)

Macramé »  2010-09-10 
Teço fios com os dedos, os meus, porque os teus não são daqui. Teço fios do teu cabelo, da tua voz, dou nós entre um sorriso e um olhar, cruzo-os com as emoções da minha fuga porque nada disto é real ou humano. Sou fio que foi célula, que foi nada antes de decidir ser o nó, que prende esta história na geometria dos desacertos. Prendo-me nos lados e no fundo de ti. Antecipo a obra de arte, projecto-te nos meus espaços, só meus, porque... (ler mais...)

Montanha »  2010-09-03 
O portão de ferro negro mantém-se fechado desde que chegaram. Uma espécie rara de heras protectoras enrolou-se-lhe nas dobradiças e selou a fechadura. Sob a clorofila pacífica de dias felizes resguardam-se do efeito da idade porque ali todos os gestos permanecem inalterados. O cesto de apanhar fruta tombado, o escadote encostado à tangerineira, o livro em cima da manta, a chávena de chá com a asa partida (a preferida dele), o boné de sar... (ler mais...)

O Aviador »  2010-08-27 

”Tudo tem o seu tempo determinado e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou” – Ec 3:1-2

É noite de estrelas com quarto crescente. Olho através da janela rasgada que dá para o jardim seguindo os movimentos de início de noite dos visitantes que se vão chegando. Uns trepam às árvores, outros farejam cuidadosamente os t... (ler mais...)


Mater »  2010-08-20 
O terraço da casa é cercado por uma amurada de sebes lunares. De lá, todas as manhãs, a mulher observa o seu mundo azul envolvido por luzes que se vão espreguiçando. Pequenos seres despertam, bocejam, brincam com as asas uns dos outros e decidem quem fica a guardar o templo sagrado, que é aquele jardim. A mulher saúda-os e oferece os seus cabelos longos para subirem e ficar mais perto deles. São recebidos com gotas de mel e maracujá que... (ler mais...)

Matriz »  2010-07-30 
Há tempo para uma história, num tempo que limpa todas as marcas. Séculos de encontros, vastidões intermináveis, ainda ao meu alcance e possíveis. Tão possíveis como a migração das aves que partem para o desconhecido. Se não adormeceres, juro que canto todo o desencanto preso às asas indomáveis, mesmo que não saiba a letra de cor. Serei tão ousada e leve que não vais sentir o meu peso na tua memória. E na minha ficará guardado pa... (ler mais...)

Merkabah »  2010-07-23 
A Esperança em torno de si mesma; aprendo e aguardo. Eu em torno de mim mesma; defino e avanço. Duas metades que se encaixam e se tornam zodíaco impresso, colocado no centro da mesa. Viagem em círculo sobre a cidade, em torno do planeta, gravado na minha pele feérica, espiral incandescente sobre muitos crepúsculos, símbolo do infinito. A esperança é uma estrela, a estrela faz um círculo, o círculo é o recomeço é uma nova espera... (ler mais...)

Meditação »  2010-07-15 
No agora de mim aconteço sobre um caminho de estrelas súbitas. Como um poeta nascido num rio imaginário (ou não) dou-lhes um som para que elas falem por dentro. Iluminam-me todos os sentidos num corpo preciso, constelação nocturna, um silêncio com sintaxe, um hiato de mim, uma véspera tecida em ponto cheio, uma pálida pele na sintonia dos cristais. Faço de ouro a minha raiz, que se prolonga pelo abstracto. Evoco o vestígio mineral, pe... (ler mais...)

Mantra »  2010-07-08 

Os vinte e quatro Anciãos inclinavam-se profundamente diante daquele que estava no trono e prostravam-se diante daquele que vive pelos séculos dos séculos, e depunham suas coroas diante do trono, dizendo. Tu és digno Senhor, nosso Deus, de receber a honra, a glória e a majestade, porque criaste todas as coisas, e por tua vontade é que existem e foram criadas.” – Apocalipse (4:10-11)

Existe uma canção usada em todos os... (ler mais...)


Mandala »  2010-07-01 
Antes de olhar para o minarete de Cairuão lavou as mãos e o rosto, limpou-se de tudo o que impede e enluta o espírito, a dor vazia, o corpo no vácuo, o engano torrencial, a precariedade inesperada, a culpa do tamanho deste mar. A água regressa ao início da escrita, a vida no limiar, a alma como um mastro de certeza, que se oferece para colher o sabor. Deixa de ser embrionária e imatura. Emerge das ondas do medo e da renúncia. O a... (ler mais...)

Por dentro do âmbar »  2010-06-25 
Seis meses depois de todos os astros boreais, a palavra celebrou-se em chamas sobre o silêncio da casa. No recanto da sala visiono o que quero levar e o que posso deixar. As janelas de vidro duplo deixam entrar uma claridade ainda trémula, que surge da tundra. Foi longa esta permanência, talvez a maior que vivi. O norte possível, o mais norte de tudo, a extensão de beleza e silêncio, como a madeira que se combina com o fogo, encerrou este c... (ler mais...)

Amuleto »  2010-06-17 
O ar é gelado e o vento que vem de norte encontra-me no centro da cidade. Este é o dia em que a terra parou, quando me alheei do medo e procurei pela rapariga dos lagos de gelo. Tenho-a na memória desde sempre, um grande pedaço de paisagem em celulóide, rosto pálido, ar convalescente, descendo a colina como um pássaro estival sob o céu nu e parado. Para recuperar o fôlego agarra o amuleto que traz ao peito e invoca a palavra miraculosa. ... (ler mais...)

Sem saber »  2010-06-11 
Por onde começar? Ser só é falta de presença? Os desejos são sombras dos sonhos? Terei fechado todas as fontes? Que faço da noite e do dia? A minha expressão é a melhor? O alheio guarda o esquecimento? A esgrima é mera mímica? Que importância têm as miragens? Como se desfazem os nós de cada dia? A arte é espírito? As brisas trazem garças silenciosas? O que é o fogo do olhar? Não se deve decifrar o amor? Acabei de ser ingénua? O... (ler mais...)

Inverness »  2010-06-04 
Nada mais me derrubou. Guardo imagens que não me dizem nada porque a terra jamais nega os seus mortos. Apenas caiada de branco me mantenho em pé e sob um fino suor abstracto de versos e pedras pousam, por vezes, braços fortes trabalhados em ilusões de areia. Mas continuo aqui depois que caí. Já aprendi que nada acontece duas vezes porque tudo é fantasia. O tempo e a vida nunca são os mesmos. O destino segue, na sua vez, resignadamente cal... (ler mais...)

 

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