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"Gosto muito de futebol e não consigo mentalizar-me de que um dia terei de deixar de jogar"

Desporto  »  2014-07-11 

Chama-se João Paulo Paz Miguel Costa, mas é verdadeiramente conhecido por Paz Miguel. Nasceu em Torres Novas, no dia 2 de Janeiro de 1972, e iniciou-se no futebol aos oito anos, no CDTN. Aos 42 anos, e numa forma física invejável, o defesa central acredita que vai fazer mais uma temporada de sucesso no Campeonato Nacional de Seniores, ao serviço do Alcanenense. No ano que passou fez uma temporada extraordinária, jogando todos os minutos de todos os jogos oficiais, que foram 35. As suas pernas fizeram, ao todo 3.150 minutos. Nada mau para um quarentão.

 

Existe algum segredo para chegar aos 42 anos com as capacidades físicas que tem?

O segredo é a vontade, a determinação, o gostarmos do que fazemos e também o facto de me cuidar. Alimento-me bem, não fumo nem bebo e nunca deixo de estar em actividade. Quando não tenho futebol corro, ando de bicicleta ou faço ginásio em casa. É isso que me diferencia. Gosto muito de futebol e isso obriga-me a ser disciplinado e rigoroso.

No CNS o futebol é praticado a um ritmo consideravelmente rápido e há bastante intensidade no jogo. Tem conseguido disputar os lances de igual para igual com os adversários?

Tenho de perceber que não tenho 20 anos, mas tenho outros argumentos, como experiência, que me permite ter a capacidade de antecipar os lances e perceber onde vai cair a bola. A minha intensidade de jogo, a concentração e a minha garra, são sempre as mesmas e são armas a meu favor. Em cada lance onde vou é com o intuito de ganhar e é isso que me motiva para lutar com os adversários que caem na minha área de jogo. A minha mentalidade é sempre fazer melhor que o adversário.

Se levar a próxima temporada até ao fim, acabará com 43 anos. A que se deve esta longevidade?

Há uma coisa que tenho de dizer porque é a grande realidade: só jogo porque o mister Torcato acreditou em mim numa altura em que as pessoas que estavam à frente do CD Torres Novas acharam que eu não tinha capacidade para jogar no campeonato distrital. Sabendo dessa situação, o presidente e treinador do Alcanenense ligou-me imediatamente e convidou-me para o Atlético. Aceitei com enorme satisfação, porque já conhecia as pessoas que estavam à frente do clube, e vim motivado porque queira mostrar aos que não me aceitaram que estavam enganados. No Alcanenense encontrei um grupo forte, uma equipa técnica também forte e só assim conseguimos do distrital subir à 3.ª divisão e depois ao Campeonato Nacional de Seniores.

Já alguma vez pensou: ”Esta vai ser a minha última temporada”?

Não, nunca pensei deixar de jogar. A partir de determinada altura passei a analisar as condições físicas em que termino as épocas e tenho reparado que as minhas capacidades se mantém boas. Hoje tenho a consciência de que posso fazer mais uma temporada. No último campeonato fui totalista e não me recordo de alguma vez não ter feito os minutos todos.

Então é escusado perguntar se alguma vez, durante a última época, o corpo pediu descanso?

Depois de o principal objectivo ter sido concretizado, a manutenção, o grupo entrou um pouco em relaxamento. Por não termos atingido o segundo objectivo, de garantir um lugar no grupo de apuramento de campeão, penso que se entrou numa de facilidades e isso trouxe alguma desmotivação. Da minha parte continuei a cumprir com tudo, horários, etc, mas da parte dos colegas houve quem não cumprisse. Nessas alturas pensamos que o melhor é a época acabar o mais rápido possível. Fora isso, nunca estive à espera, ou desejei, que o campeonato terminasse.

O que acontece, eventualmente, é a existência de alguma saturação psicológica…

Sim, são quatro treinos por semana, é o jogo ao domingo, por vezes chegamos tarde a casa e o dia seguinte é de trabalho. Claro que é cansativo, mas chegar ao ponto de querer que o campeonato acabe, não. Gosto muito do futebol e sinceramente não consigo mentalizar-me de que um dia terei de deixar de jogar.

Então o ano que vem pode não ser o último?

Não sei, depende de muita coisa. Principalmente da minha condição física. Também depende muito das pessoas que estiverem à frente dos clubes e dos técnicos, em acreditarem ou não nas minhas capacidades. Estarei sempre disponível para ajudar seja quem for.

Embora não queira pensar nisso, imagina de que forma pode ser útil a sua experiência no dia em que deixar de jogar futebol?

Nunca pensei nisso, mas já me abordaram no sentido de me tornar treinador. Sou muito sincer pelo que vejo, ao nível do distrito, nunca conseguirei ser treinador. Para treinar alguma equipa teria de ter jogadores que tivessem a mesma mentalidade que eu e a maioria dos jogadores que conheço não a tem, o que é pena. Eu fui habituado a treinar, jogar e dedicar-me ao máximo, e não ter playstation, computadores ou telemóveis.

Eventualmente, vejo-me a ajudar algum treinador que acredite em mim ou a treinar equipas de miúdos, mas ser treinador principal de uma equipa sénior, não. Não é fácil entregarmo-nos a um trabalho semanal e depois ter 10 jogadores para treinar, e isso é uma situação que se verifica em quase todos os clubes. Como atletas, temos de dar valor a quem elabora um plano de treino. Não faz sentido um treinador chegar ao primeiro treino depois do jogo e fazer uma análise para meia dúzia de jogadores. Não me vejo nessa situação.

Já jogou na mesma equipa que o seu filho, algo que não é muito normal.

Sim, aconteceu há duas épocas no Alcanenense. Foi num jogo da Taça do Ribatejo, com o Pego.

Foi um jogo especial?

Sim, é sempre especial. Nunca me tinha passado pela cabeça que poderia jogar na mesma equipa que o Miguel. Há dias li num jornal uma situação semelhante, de uma pai e filho terem jogado na mesma equipa, numa divisão superior, mas noutro país. São coisas que acontecem. Foi uma experiência boa e só espero que não se repita, porque será bom principalmente para o Miguel, que pretende outras coisas que eu actualmente já não tenho capacidade para atingir. Ele tem tudo para concretizar o sonho de jogar ao mais alto nível.

Para lá desse jogo teve a oportunidade de trabalhar com o seu filho, durante a semana, já que os juniores e seniores treinavam juntos. Via o seu filho Miguel como um colega de equipa ou prevalecia a relação pai/filho?

Sempre como colega de equipa. Aconteceu várias vezes situações de um para um e nunca pensava que estava ali o meu filho. Era um colega e eu tinha de fazer o meu melhor e ganhar os lances. Mas isso nem sempre aconteceu.

Quais foram os melhores momentos passados como futebolista?

Gostei muito do segundo ano do U. Almeirim, em que subimos de divisão. Era um grupo fantástico, muito unido… e do Rio Maior. Não desprezando os outros por onde passei, este foi o clube mais organizado onde já alguma vez joguei. Os outros clubes também me disseram sempre alguma coisa, nomeadamente o CDTN, mas a nível de condições, instalações, equipamentos e a nível monetário, o Rio Maior foi o que mais me marcou. Quanto ao resto, penso que não haverá clube nenhum que possa ter ficado arrependido de me ter contratado.

Uma história que recorde com particular satisfação...

A maior satisfação aconteceu há não muito tempo. No ano passado fui pela segunda vez ao estádio do Bonfim, para jogar uma partida referente à Taça de Portugal. Não era o sorteio que desejávamos, preferíamos um clube grande em nossa casa, mas isso não aconteceu. Fomos ao Bonfim, discutimos o resultado, mas nem é a isso a que me refiro, porque sabíamos que seria difícil vencer. A motivação que esse jogo me trouxe, a alegria e o prazer… estávamos ansiosos para que o momento do jogo chegasse e são estes jogos que nos trazem grande motivação. Foi com enorme satisfação que marquei jogadores como o Rafael Martins, hoje cobiçado pelos grandes. Apesar da idade que tenho, fiz um bom jogo e as referências feitas deram-me uma grande motivação para continuar.

Este ano não está de fora a possibilidade de o Alcanenense voltar a cruzar-se com grandes emblemas do futebol português.

Sim, estamos na Taça de Portugal e podemos ter sorte. Estou a falar do Alcanena, apesar de ainda não estar nada acertado. Penso que vou fazer parte do plantel. O presidente já falou comigo, mas ainda não disse que fazia conta comigo. Mas, à partida, penso que vou fazer parte do plantel. Se isso não acontecer, não há problema nenhum…

Há um plano B, se falhar o Alcanenense?

Sim, há. As pessoas que estão à frente do CDTN, nomeadamente o Vítor Batista, já falaram comigo e manifestaram o interesse em que eu voltasse. Já fiz ver a minha posição, e quem me deu a mão num momento difícil foi o Alcanenense: não hesitarei se puder voltar a jogar no clube que me ajudou quando precisei.

A prioridade é o Alcanenense?

Sim, a prioridade é ficar em Alcanena.

Há clubes por onde passou que não foram de boas contas consigo?

Os clubes por onde passei sempre foram leais e, mais cedo ou mais tarde, cumpriram comigo. Houve uma situação em Almeirim, e tive de tomar uma posição para poder vir a receber o que me tinham prometido. Toda a gente sabe que coloquei o U. Almeirim em tribunal, por me dever dinheiro, mas depois ficou tudo resolvido. Actualmente, o único clube que me deve dinheiro é o CD Torres Novas. Deve-me 2.500 euros. Houve jogadores que avançaram com acções judiciais, perguntaram-me se também queria, e eu disse que não, que nunca iria pôr em tribunal o clube que me formou e que me lançou para o futebol. As pessoas que passaram pelo clube sempre cumpriram comigo, quando ganhei muito e quando ganhei pouco dinheiro e, neste caso, acreditei que mais cedo ou mais tarde me iriam pagar. Isso não aconteceu até hoje, e lamento, por que acho que não mereço, pelo meu trajecto e pelo que dei ao clube. Prometeram-se diversas vezes o dinheiro, mas nunca se chegou a lado nenhum.

Percebe-se que o CDTN é o clube que mexe mais consigo.

É o clube da minha terra, onde dei os primeiros passos no futebol e onde criei muitas amizades. Por vezes há pessoas que passam pelos clubes e não os dignificam. Mas, como é costume dizer-se, as pessoas passam e o clube fica e é o clube que temos de respeitar. Sempre respeitei o CDTN e nada nem ninguém tem nada a apontar contra mim.

O que verdadeiramente o futebol contribuiu para ser o homem que é hoje e, por outro lado, o que o futebol o privou de fazer ao longo destes anos todos?

O futebol não permitiu que tivesse acompanhado mais vezes o meu filho, como gostaria, em jogos e em treinos. Muitas vezes tem sido a minha mulher a fazê-lo. Gostava de ter estado mais presente para o poder ajudar e apoiar em certas fases. Mas isso nem sempre foi possível porque ambos treinávamos e jogávamos nos mesmos dias e às mesmas horas. Penso que essa foi a parte mais negativa. Em termos positivos, registo o trabalho e o esforço empregue em cada época desportiva, e em cada clube. Tudo o que conquistei enche-me de orgulho e satisfação.

Por esses valores que incorpora, na dedicação que emprega ao desporto, sente que pode ser considerado uma referência para os mais jovens?

Sim, ouço as pessoas… mas acima de tudo eu reconheço-me a mim próprio. Sei daquilo que sou capaz. Ainda hoje vim fazer uma corrida de 12 quilómetros (Trail do Almonda) e ontem à noite tive um jogo de futsal desgastante num torneio, no pavilhão da escola Artur Gonçalves. Hoje apresentei-me como se nada tivesse acontecido, apesar de sentir uma dor numa perna. Corri num percurso difícil e enlameado devido à chuva, e isso só foi possível devido à minha força mental e que espero ter por muitos mais anos. Só deixarei de jogar futebol quando as pessoas deixarem de acreditar em mim. Quando esse dia chegar, vou dedicar-me ao atletismo e ao ciclismo. São dois desportos que gosto de fazer e sinto que tenho de fazer novas amizades porque isto de conhecer e conviver com novas pessoas também é saudável.

 

 

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